quarta-feira, 17 de julho de 2013

FAMÍLIA LÁZARO: DO NORDESTE PARA O NORDESTE PARAENSE


      Mamãe nos contava as lembranças de sua terra natal, Caucaia no interior do Ceará.Tão próxima a Fortaleza, que meu avô João Lázaro, com os filhos mais velhos, iam a cavalo negociar produtos da pequena propriedade agrícola famíliar, na feira da capital.Vovó Maria e ela (Rita), ficavam cuidando da casa,cuja prole se completava com mais seis irmãos:João,Artur,Jorge,José,Joaquim e Domingos.
   A chegada dos anos 20, muito modificara a trajetória de vida dos Lázaro, que resolvera mudar para terras paraenses, ainda na metade daqueles anos. Alguns dias de viagem de navio e lá viam, pela primeira, vez a Baia de Guajará,chegando à porta de Belém. 
    Mamãe ainda era uma criança de apenas 9 anos, mas lembrava o desembarque no cais do Ver-o-Peso, -onde o navio ficou à distância e os passageiros foram transportados em pequenos botes.
   Após dias de incerteza em solo paraense, a espera da "Canaã" prometida,em uma bela manhã, meu avô João fora contemplado com um lote de terras medindo 250x1000m, alguns víveres e ferramentas, exatamente na Colônia Agrícola Araripe, hoje o próspero e simpático distrito de Americano, em nosso município. Daí em diante, com muita luta sol-a-sol, os Lázaro foram sobrevivendo do produto da lavoura e algumas criações.
   Vovó Maria, além de excelente cozinheira, tinha prática de parteira e ainda  costurava muito bem. Mamãe a ajudava na lida doméstica e na costura.Cansei de ver minha avó montar na garupa de um cavalo ou bicicleta, para atender uma parturiente há alguns quilômetros da Vila, a qualquer hora do dia. Era interessante o número de "filhos" que possuía, pois todos que nasciam assistidos por ela, passavam posteriormente a pedir-lhe a bênção, uma tradição do velho nordeste brasileiro.
    Mamãe também contava como conseguia ir às festas dançantes, pois tinha que convencer um dos irmãos para acompanhá-la.Sozinha nem pensar. Os bailes à época eram animados pelo chamado "pau e corda", que era um conjunto de 4 ou 5 músicos, com bumbo,violão,cavaquinho,pandeiro e violino, variavelmente.
    Nos anos 30, chegava a então vila, aquele que viria a ser nosso pai, Osvaldo Oliveira. Logo empregou-se no grande comércio de Felipe de Paula (este fora vereador e prefeito em nosso município). Anos depois de namoro, formava o casal Osvaldo e Rita. Do relacionamento nasceu Ivete (que faleceu em tenra idade) Maria Lina,Osvaldina,Osvaldo Filho e Eu.
    Anos se passaram e o Sr. Felipe resolveu instalar uma filial em Sta. Izabel e escolheu papai como "caixeiro-interessado",algo semelhante ao gerente de hoje. Meu pai com o tempo passou a sócio e posteriormente proprietário da firma. O estabelecimento ficava onde é hoje o Mercadão na Rua Cearense, (atualmente a Rua Francisco Amâncio), do outro lado era o grande mercado da cidade ,onde hoje é a Praça da Bandeira. A saudade me bateu cedo quando perdi papai, eu contava apenas 4 anos de idade. 
    Confesso que não lembro de meu avô materno, mas com minha avó, convivi por vários anos e pasmava quando ela, do alto de seus 80,ainda costurava com normalidade. Deve ter partido com mais de 100 anos, pois sua idade calculávamos pelo nascimento do seu primeiro filho João,quando ela tinha 16 anos.
    Os irmãos de mamãe alguns espalharam-se e tiveram vários herdeiros aumentando substancialmente o número de Lázaro. Sei porém, que na ramificação familiar, temos: militares, engenheiro, professores, políticos, dentre outras atividades.
   Em Caucaia, onde sonho um dia ainda visitar, é o âmbito maior da família, pois nossos avós dali eram oriundos. No distrto de Americano, tenho certeza que não conheço nem um terço dos parentes, embora sendo tão perto.
   Pensar que tudo isso aconteceu há mais de um  século, com uma viagem de navio, a procura de nova vida, novas oportunidades, que o casal Lázaro, João e Maria, resolveu trocar o nordeste brasileiro pelo nordeste paraense.
   Com esta singela postagem, quero abraçar sem distinção, todos os Lázaro, que eu conheço e os por mim desconhecidos, pois somos e devemos ter orgulho de ser a continuidade dessa infinita respeitável árvore genealógica. 
  
   Os séculos podem distanciar as pessoas, mas jamais o elo de parentesco humano.
   Sintam-se portanto abraçados, todos os Lázaro, de todas as gerações e de todos os recantos do Brasil.

                                      

                                  Orlando Lino

                                       
    
       

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