quinta-feira, 7 de junho de 2012

REMINISCÊNCIAS



        Meus amigos:
    Hoje cerca de meio século passado, ainda sou movido pela emoção, quando observo uma das fotos que  diz respeito inclusive à minha infância: o prédio da primeira estação ferroviária em nossa cidade. Não sei bem em que ano fora construído, porém aos meus 10 anos de idade, tinha a noção de como era organizado à época, o sistema de transporte ferroviário no Estado, isto é, o que significava a Estrada de Ferro de Bragança em nossa região.
    Depois do Orfanato Antonio Lemos (como era chamado o nosso atual Colégio), a referida estação, disputava com este, qual o mais imponente e requintado prédio, da cidade, e que se localizava mais ou menos, onde é hoje a loja do Sr. Trajano. 
     Naquela época, já o conheci desativado e segundo ouvia os adultos dizerem, que fora em função  de um mau planejamento, que não permitia espaço para o desvio do trem. Porém até meados dos anos 60, aquele edifício, agora completamente abandonado, sem portas, janelas quebradas, a imensa varanda (coberta com vidro impotado do exterior) depredada,paredes sólidas porém tomadas pelo lodo, o teto apodrecido e o piso que era em lindo mosáico, quase todo danificado ;a sujeira e a fedentina exalavam e denunciavam o triste abandono. Aquele outrora  imponente edifício que custara tantos contos de réis, fora totalmente esquecido pelo poder público ou pela insensibilidade humana. Agora era apenas um galpão fétido, que servia para abrigar animais como cavalos,jumentos, cães vadios e vez por outra, famílias indigentes, que ali amenizavam seus infortúnios. Era por conseguinte, o início do iminente fim. 
   Quantas saudades porém, do gostossísmo tacacá da dona Nezinha, que servia a todos, naquelas memoráveis tardes izabelenses, tão serenas quão descontraídas, cuja venda era à sombra do magestoso prédio, na parte frontal. 
     Por volta de 1970, em plena Ditadura Militar, que extinguiu a EFB, eu era funcionário do extinto IPEAN (hoje a EMBRAPA), ainda tive o desprazer de  assistir os escombros desse prédio, que impensadamente um gestor local, resolveu colocá-lo ao chão.  Ninguém lhe advogou clemência, ante a irrevogável sentença.
     Quando vemos hoje, o município sem ter condições de construir espaços físicos para abrigar seus órgãos administrativos, nos vem a lembrança do despropositado ato, de demolir um prédio de beleza arquitetônica ímpar e solidez quase infinita -que hoje abrigaria muito bem, duas ou três secretarias ou se melhor aproveitado, um museu cultural.
    Agora, que tudo faz parte do passado, ficou apenas a amarga lembrança e a talvez irrespondível interrogação:
    Até onde irá a inconsciência humana, com relação ao nosso patrimônio público ? 
A saudosa e bela Estação Ferroviátia
 

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