sábado, 25 de fevereiro de 2012

LIVRO

        Revisando minha biblioteca, encontrei um livro de poesias, da amiga e professora Fátima Serieiro,cujo título é: Ritmos Desconexos, o qual tive a honra de produzir a capa, no ano de 1979, quando juntos servíamos à SUDAM. Aqui a poesia inicial:

            DESENCONTRO

         Há um desencontro total das coisas
         Terrivelmente iguais
         Antecipadamente preconcebidas
         Há uma vontade constante
         De sair do jogo das oportunidades
         E se jogar na vida do expontâneo
         Meramente deixado ao acaso
         Há uma sede tremenda
         De beber da água não poluída
         Dos ideais abarganhados de cotidiano
         E sujos das misérias sociais
         Há uma discrepância assustadora
         Do ser e não ser
         Na encenação do dia a dia
         Há uma angústia refletida
         No rosto dos loucos
         Por fugirem do normal do mundo
         E ficarem no apanágio das idealizações
         Há uma criatividade imensa
         Tolhida no ser
         Que vive à luz das circunstâncias
         Da elevação econômica
         Há uma descrença de tudo
         Se o crer é ver
         E não sentir como seria o que penso que é certo
         Há assim uma negação
         Realmente sentida
         Do que deveria ser e não é
         Por isso o desencontro de tudo
         Onde as indagações metafísicas
         Dão respostas não visíveis
         Que poderiam ser reais
         E o desencontro caminha
         No ser promiscuamente mecanizado
         Nos incentivos dos projetos atômicos
         Nos foguetes espaciais
         Enquanto muitos morrem de fome
         Sem soluções objetivas.
              
    
               
           
     

Nenhum comentário:

Postar um comentário