Revisando minha biblioteca, encontrei um livro de poesias, da amiga e professora Fátima Serieiro,cujo título é: Ritmos Desconexos, o qual tive a honra de produzir a capa, no ano de 1979, quando juntos servíamos à SUDAM. Aqui a poesia inicial:
DESENCONTRO
Há um desencontro total das coisas
Terrivelmente iguais
Antecipadamente preconcebidas
Há uma vontade constante
De sair do jogo das oportunidades
E se jogar na vida do expontâneo
Meramente deixado ao acaso
Há uma sede tremenda
De beber da água não poluída
Dos ideais abarganhados de cotidiano
E sujos das misérias sociais
Há uma discrepância assustadora
Do ser e não ser
Na encenação do dia a dia
Há uma angústia refletida
No rosto dos loucos
Por fugirem do normal do mundo
E ficarem no apanágio das idealizações
Há uma criatividade imensa
Tolhida no ser
Que vive à luz das circunstâncias
Da elevação econômica
Há uma descrença de tudo
Se o crer é ver
E não sentir como seria o que penso que é certo
Há assim uma negação
Realmente sentida
Do que deveria ser e não é
Por isso o desencontro de tudo
Onde as indagações metafísicas
Dão respostas não visíveis
Que poderiam ser reais
E o desencontro caminha
No ser promiscuamente mecanizado
Nos incentivos dos projetos atômicos
Nos foguetes espaciais
Enquanto muitos morrem de fome
Sem soluções objetivas.
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