quarta-feira, 10 de agosto de 2011

TEODORO, UM "AMANTE" DA POLÍTICA

     Não há quem não se sinta enlevado ou mesmo numa suposta posição de superioridade, quando se é investido em um cargo eletivo,, mesmo que às vezes de maneira pouco convencional. Claro que tal ejactância ocorre não só pelo "status", mas também pela significativa remuneração concernente a este encargo.
     Por paradoxal que pareça, com o Zé Teodoro ou Zé das Viúvas, a coisa não foi bem assim. Sendo o 1º  filho de uma prole de 12, não pode estudar, chegando apenas ao segundo ano fundamental, em função de cedo ter que enfrentar o rojão e ajudar o pai na criação do resto da "tropa". Teodoro fez de tudo na vida , desde picolezeiro a vendedor de bombons nos ônibus. Morava num bairro distante do centro e normalmente apanhava três conduções para chegar em casa -quando não tinha que se deslocar a pé em função da´pouca venda do dia.
Certa vez, já aos 20 anos, descobriu a profissão de flanelinha em uma imensa praça, onde conseguiu comprar uma vaga. Ali passou mais doze anos de sua vida porém com uma renda melhorada. Já bastante conhecido no meio e sendo o bom carater, recebeu um convite de um figurão dono de uma Mercedes, lhe propondo um emprego bem melhor. Zé Teodoro teria que vestir uma farda de contínuo e trabalhar bem em frente. Aceitou de pronto e na semana seguinte lá estava ele, com sua bandeja na mão , atento ao seu novo trabalho. Mas o que ele não se acostumava era com aquele monte de "empaletozados" a discutir, berrar, xingar e às vezes até sair pra briga naquelas costumeiras reuniões.
    Certo dia perguntou ao colega mais antigo na casa e ele lhe explicou que aqueles eram os nossos representantes e ali era uma assembleia de debates. "Representantes do povo", aquela frase ficou na cabeça do Zé por alguns meses. Como já tinha "macete" de sobra, o nosso Zé das Viúvas decidiu: -Vou virar também defensor do povo , vou ser político. Semanas depois fazia sua primeira investida na nova e desafiante função. Espalhou uns panfletos na comunidade convidando a todos para uma reunião em pequena casa. Pouco tempo depois, lançava apedra fundamental do centro comunitário, sendo o seu primeiro e dinâmico presidente.
     Bastaram-lhe quatro anos e lá estava o Zé Teodoro como vereador da cidade. E nas eleições seguintes, ele chegava a outra Casa de Leis, não mais como um simples servente e sim como um dos deputados mais votados, sob os aplausos e orgulho de seus ex-colegas, que ali deixara. Uma carreira meteórica porém justa para uma humilde pessoa, que abraçara uma causa, apenas no sentido de fazer e promover o bem de sua comunidade.
    Hoje ao chegar no bairro aos finais de semana, em sua Hyundai do ano, junta-se à galera para a pelada, o churrasquinho de gato regado a 51 e comenta: -Agradeço a Deus pelo que sou hoje, aos meus amigos que também me ajudaram, aos políticos que nada fizeram pelo nosso bairro e me deram a oportunidade de: asfaltá-lo, dotar de àgua encanada, saneamento básico e nossas áreas de lazer  -mas mais em especial, às minhas viúvas que se empenharam e com as quais gasto quase tudo o que ganho com os 12 rebentos que possuo com elas.
     Consta que seu "slogan" de campanha era:

      Sou um político amante
      Do bairro onde ainda moro
      Amante de minhas amantes
      Pelas quais rio e choro
      E me são interessantes
      Eu sou o Zé,  Te  Adoro

    
   

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