O VELHO CASARÃO, OS PARDAIS E EU
Tenho ouvido algumas pessoas queixarem-se, da exagerada potência sonora que imprimem a alguns aparelhos, na propaganda política. Cada vez mais possantes, alguns operadores pouco estão se lixando se você tem um tímpano a preservar.
Porém o pior de tudo, é ter que conviver com tal parafernália, bem em frente à sua casa, das 8 às 20 horas quase sem tréguas. Acho que os camaradas insistem para que eu decore aquelas "musiquinhas" e os números dos candidatos, pensando que tenho muitos votos em casa.
Há cerca de dois meses, existia um velho e silencioso barracão, sem aparente utilidade, a não ser para agasalhar pardais-domésticos em seu extenso beiral, ao lado de casa. Confesso que alegrei-me quando vi alguns operários pintando-o e fazendo alguns reparos no esburacado telhado. Logo pensei em um empreendimento novo em minha rua, -o que foi meu ignóbil e ledo engano. Ali se instalaria uma fábrica de material de campanha política. Até aí nada a objetar. Minha penitência veio logo depois de um mês, sem poder ouvir bem: o telefone, a televisão, o rádio e adeus àquela sesta, aí tive que pelo menos pedir mais prudência aos propagandistas eleitorais.
Em uma tarde dessas, já saturado, solicitei a um deles que baixasse um pouco seu som pois não conseguia telefonar e ele (mesmo com cara de quem não gostou), atendeu meu pedido. Quando me dirigia a outro para fazer-lhe o mesmo apelo, é que me apareceu o (talvez coordenador da oficina) e saiu pedindo que mais dois outros também diminuissem o volume de seus sons. Agradeci ao cidadão, que me adiantou não mais ocorrer tal incômodo. Porém de vez em quando aparece um talvez desavisado e arrocha o tal volume, para qualquer surdo ouvir há uns 10 km de distância -e haja saco e paciência.
Os pardais se dispersaram em busca de merecido sossego e do silêncio, talvez porque não sabem que tudo pode normalizar-se após o dia 7 de outubro.
Quanto aos propagandistas políticos, podem até festejar suas vitórias, porém eu e os meus pardais, acho que festejaremos muito mais, a volta da quietude no antes, velho e desprezado casarão, que não tem culpa nenhuma de ser desengonsado e não dar melhor aparência a uma avenida.
Pelo menos, até uma próxima campanha eleitoral.
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